Como aumentar o bem estar das pessoas nas grandes cidades?

Nos dias atuais, as pessoas vivem cada vez mais apressadas, mais estressadas, são muito mais produtivas (produzem muito mais em menos tempo), possuem muito menos tempo livre e aproveitam muito menos a vida. Existem sempre dificuldades em conciliar o trabalho com tempo de descanso, quando pode passear com a família, rever amigos e realizar outros tipos de atividades que proporcionem alegrias e diversão, sem a formalidade e nem as responsabilidades que um trabalho proporciona, por legal que seja o trabalho. Na verdade, sobra muito menos tempo no final do dia, da semana, do mês, etc. para o lazer das pessoas. Por que mesmo as pessoas permanecendo menos tempo no trabalho têm menos tempo de lazer? Quais são as causas principais de tanto desperdício de tempo? O que as políticas públicas devem fazer para que as pessoas tenham melhor aproveitamento do tempo?

Em todas as grandes e médias cidades do Brasil, as pessoas convivem com o trânsito caótico que lhes roubam um tempo precioso em seus deslocamentos realizados nessas cidades, principalmente em horário de pico. Nas grandes cidades a situação é extremamente grave a ponto de ficar insuportável. Existem vários trechos em muitas cidades que se percorrem quatro ou cinco quilômetros em quase uma hora ou até mais que isso. As empresas aumentaram significativamente o nível de produtividade do trabalho, o tempo de trabalho diminuiu bastante nos último trinta ou quarenta anos, passando de 50 horas semanais para as atuais quarenta horas praticadas pela maior parte das empresas. Entretanto, o período de deslocamento que a maioria das pessoas leva para ir de suas residências até o local de trabalho aumentou muito mais. Se o tempo médio de trabalho diminuiu 20%, o tempo de deslocamento da residência para o trabalho e vice-versa aumentou em 100%.

O poder público pode e deve fazer algo para que isso seja amenizado e para que não ocorra em outras cidades que estejam em processo de crescimento e que fatalmente, se nada for feito, ficará em situação crítica no médio prazo. O grande problema é que muito políticos falam que vão fazer, mas, na prática não fazem quase nada e o que fazem servem apenas de paliativos que com um certo tempo depois a situação fica do mesmo jeito ou até pior do que era antes. A primeira coisa a fazer é levar empresas para onde as pessoas moram. Por exemplo, na cidade de São Paulo é preciso que se leve desenvolvimento e muitas empresas para a Zona Leste, onde moram muitas pessoas. Com muitas empresas instaladas nessa região e em outras com grande contingente de pessoas morando e determinado que essas empresas devem contratar pessoas que vivam nessas regiões, então, diminuiriam razoavelmente a magnitude do trânsito terrível que existem nessas cidades.

As políticas públicas devem ter como objetivo principal aumentar o bem estar e a satisfação geral das pessoas. Planejar onde as pessoas devem morar e determinar onde as empresas devem investir também é uma obrigação do Estado. Isso deve ser feito tendo em conta que o local onde as pessoas moram sejam muito próximo onde as empresas devem investir. Evidentemente, isso requer que sejam construídas excelentes Universidades, hospitais, acesso por rodovias excelentes para escoar produção, no caso de indústria, e outras ações complementares que levem à quase auto suficiência dessas regiões levando à não necessidade das pessoas se deslocarem com freqüência para outras regiões de cada cidade. Concomitantemente com isso devem ser dada prioridade a transporte coletivo que seja eficiente, barato e rápido. Ao fazer isso, as pessoas terão muito menos tempo gasto no trajeto da residência para o trabalho ou estudo, ganhando muitas horas em cada semana. Isso significa qualidade de vida.

Fonte: Blog de Francisco Castro, 19/05/2010

Um comentário:

  1. O interessante é que nosso planejamento urbano as vezes vai totalmente na contra-mão. O que é a Cidade Industrial de Curitiba? Até temos algum tipo de desenvolvimento urbano para classes operárias na região, mas totalmente incompletos! Parece que operador tem que ter casa mas não precisa de escola, posto de saúde, hospital, serviços públicos gerais, cartórios, etc. A recente e popular mania de fazer binários também segue nesta contra mão. Facilita de forma paliativa o deslocamento de automóveis em longas distâncias, mas dificulta o uso de biciletas e em alguns pontos até complica a vida dos pedestres. Abraços!

    ResponderExcluir