Estudo revela que mais de ¼ das crianças norte-americanas sofrem de problemas como obesidade e asma

Estudo revela que mais de ¼ das crianças norte-americanas sofrem de problemas como obesidade e asma

Uma pesquisa recente publicada no jornal da Associação Médica Americana (AMA) revela um dos principais males que atingem as crianças nos últimos anos: as doenças crônicas. Entre asma, obesidade, Distúrbio de Déficit de Atenção e Hiperatividade, problemas crônicos de saúde estão presentes em mais de ¼ da população infantil norte-americana.

Há algumas décadas, os problemas que mais chamavam a atenção dos pais em relação à saúde dos filhos eram defeitos congênitos, doenças infecciosas ou possíveis acidentes. No entanto, ao analisar as condições de saúde de cinco mil crianças entre dois e oito anos no período de 1988 a 2006, o estudo revelou que mudanças no estilo de vida das crianças influenciaram no desenvolvimento de muitas doenças.

Ao final da pesquisa, o número de crianças com doenças crônicas já alcançava 26,6% da população do país, comparado a 12,8% em 1994. Segundo o diretor do Centro para Crianças, Famílias e Comunidades mais Saudáveis da Universidade da Califórnia, Neal Halfon, esta descoberta revela novas condições de saúde que anteriormente não recebiam muita atenção.

“Há um aumento nos casos ligados a condições comportamentais e psicológicas, como a obesidade e o Distúrbio de Déficit de Atenção, por exemplo. Estas condições estão relacionadas ao tipo de ambiente em que a criança está crescendo”, afirmou o especialista ao jornal norte-americano Los Angeles Times.

O problema no Brasil

De acordo com Carlos Alberto Landi, pediatra do Hospital Samaritano, em São Paulo, as doenças crônicas também estão crescendo entre as crianças no Brasil. “Há alguns anos, por conta das baixas condições nutricionais e de saneamento básico, entre outros problemas, as condições crônicas não eram a maior preocupação. Tínhamos óbitos por conta de sarampo e poliomielite, por exemplo. Enquanto os quadros primários foram melhorando, os crônicos começaram a demandar maior atenção”, explica o especialista.

Para o pediatra brasileiro, mudanças ambientais como a poluição nas cidades metropolitanas e mudanças no estilo de vida contribuíram para o crescimento das doenças crônicas infantis. “A poluição, a criação do fast food e dietas inadequadas colaboraram para o desenvolvimento da asma, da rinite, da obesidade e da diabetes, por exemplo, que não eram tão frequentes há alguns anos”, diz.

Lucília Santana Faria, pediatra do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, aponta que, embora a criança esteja muito menos suscetível a uma doença crônica do que o adulto e o idoso, há taxas cada vez maior deste tipo de problema. E os pais devem prestar atenção: “A criança que não faz atividade física, por exemplo, fica muito tempo dentro de casa e não tem uma alimentação saudável terá uma predisposição à obesidade”, dia a especialista.

No entanto, segundo William Gardner, investigador do Instituto de Pesquisa do Hospital Infantil Nacional de Columbus, em Ohio, nem todas as crianças que possuem problemas crônicos de saúde permanecem com eles por toda a vida. As condições crônicas das crianças costumam ser mais inconstantes, com a possibilidade até de deixarem de existir após um período: “Apenas 7,4% das crianças que participaram do estudo permaneceram com uma condição crônica de saúde após o período de observação”.

Mas Lucília ainda cita outras alterações que também merecem cuidados. “Há alguns anos, não se falava em depressão. Hoje em dia, já se faz diagnóstico do problema em crianças, assim como de bulimia em adolescentes, doenças como anorexia nervosa, entre outras ”, explica.

Fonte: Gazeta de Alagoas, 24/02/2010, 00:30